03 July 2011

Ultra Trail Serra da Freita 2011

Uma semana depois da Corrida de São João e com algumas certezas de que o pé iria aguentar outra carga diabólica a que está sujeito neste tipo de provas, faço um último treininho na véspera de 2 horas de Spinning para levar a minha máquina interna a altas rotações.

Na companhia de amigos as aulas de Spinning tornam-se muito mais fáceis.

Mas voltando ao tema do Ultra Trail Serra da Freita...

A Júlia e eu obtamos por viagar no próprio dia para o local da prova por duas razões: Tinha ainda terminar umas tarefas do meu trabalho (pois é sem trabalho não podemo-nos dar estes luxos) e também pelo facto duma cama ser mais fofinho do que uma tenda. Em contra-partida seria necessário levantar as 02h00 para não andar em correrias antes da corrida.

Chegando ao local, foi rapidamente buscar os nossos dorsais, fazendo controlo do material obrigatório para a prova. Ainda tivemos algum tempo para falar com alguns dos nossos amigos de aventura e até tivemos direito a uma foto antes da partida pelo Fofoni Nuno Miguel.

Juju & Mark

Alguns podem achar locura correr pelas 04h30 da matina, outras estão cheios de vida e de alegria. Qualquer um está livre de decidir por si. No entanto garanto-vos que vale a pena. A diversão e as posteriores memórias que guardamos desta aventuras são inesquecíveis.

Não cometendo o mesmo erro da Geira, coloquei me bem atrás e foi gradualmente subindo posições ao longo da corrida. Digamos deixei aquecer bem os motores...

Os primeiros dispararam como foguetes e já a partir do 3km ninguém os mais via. Ía confortavelmente no meu ritmo e sentia que podia esticar muito mais, mas depois pensei... não vou cometer nenhuma loucura, pois senão ainda vou estourar e depois o Moutinho tinha razões para descascar a cabeça e com razão. Ele é o Grão-Mestre, um mentor e a referência para se apreender. As vezes o vejo como um segundo pai e admiro o muito! Obrigado por descascar a cabeça quando é preciso...

Os primeiros 16km passaram-se no instanto e rapidamente cheguei ao rio com um amigo da Madeira, Leonardo Diogo, com quem foi conversando. No rio começei abrandar um pouco. Quis ter muita cautela pelo facto do Ehunmilak estar a porta e porque em 2010 ter tido duas quedas feias, ainda portando as marcas. Foi ultrapassado por cerca de 20 pessoas, mas cá pensava para mim: deixa os ir, pois ainda faltaram mais 50km depois do rio.

Em luta com o rio, mais parece que estou jogar golfe segundo Jean-Claude.

E não que passo o rio e vejo 5 encostados que mais parecia que estavam a lanchar. Até descalçaram-se para tirar as meias e trocar. Eu para mim "mas porque haviam de trocar meias, vocês ainda não conhem o Moutinho... isto ainda vai meter mais água mais a frente". Sendo assim precisam de levar a mochila cheio de meias. :-)

Comi rapidamente uns salgadinhos e marmelada para dar "Power" e repôr os níveis de sal. Ainda pouseram me água no meu Camelbak e já me fiz a estrada... ou melhor... ao cascalho!

5 já estão novamente atrás e os outros hei-de apanhar novamente, depois de ter já passado o maior perigo da prova. Realmente são 3km complicados onde se tem ter muita sorte.


Durante os próximos kilómetros o bastão que levava comigo era meu fiel amigo para as subidas mais complicadas, embora em rectas e descidas as vezes estorba. Fiz um pacto com o bastão nas rectas e descidas arrumava-o dentro do meu Camelbak... o que vale tenho braços compridos.

Quero recordar os últimos 5km que foram para estourantes e que segundo o Moutinho são "cereja em cima do bola". Pois lá isso é bem verdade... digamos a última subida é um autêntico frete. Ainda me passaram 2 pessoas nessa subida. Não sei onde esta gente vai buscar tanta força... enfim.

Começava-se aproximar o fim...


mas a história ainda não fica por aí... Um amigo dos trails, Nuno Soares, começou a ligar o Nitro e aproxima-se cada vez mais. Tive sensação de que estava a distância de dois braços de mim. Isto começou deste o estradão até a meta. Digamos uns 2km provavelmente. Pensava eu "Mas como vou me safar desta?" E não tive tempo para pensar em mais nada. O resultado tinha ir as minhas reservas e também buscar uma gotinha de Nitro.


e aí eis provavelmente a foto mais marcante da prova. Nem por um segundo queria de me render as dores, que por esta altura já eram muitas. Obrigado Nuno pelo facto de me sujeitares a estas coisas. :-)

Na meta fizeram uma entrevista, mas as palavras pareciam mais "hmblahmum...". Caí literalmente para o lado por exaustão. O que vale e anima são os amigos que estão logo pelas redondezas. Recorda-se: Vasco, Rui e grande amigo Carlos Sá.


Tive com eles algumas conversas de que eles precisavam de experimentar isto para o ano - a distância mais longa - além de trocar algumas informações das experiências vividas.

A próxima hora e meia foi tomar um banho conversando com pessoas e arrumar as minhas coisas, bem como preparar o saco da Ju, esperando pela chegando dela. Nada melhor alguém nos ajudar ao fim duma prova tão dura como esta e sem dúvida esta é!

Chegada da Ju

Chegada triunfante do meu amor que teve direito a um 3º lugar na geral feminina e 2º no escalão das veteranas. Um dia glorioso para ambos com sensação de missão comprida!

Obrigado Moutinho pela aventura proporcionada e apenas posso fazer das palavras do meu amigo Paulo Rodrigues as minhas:


"Enquanto houver pernas e for possível lá estaremos ano após ano!"

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