1 ano depois de regresso a terras espanholas...
Sexta-feira, dia 11 de Fevereiro 2011 e o relógio já marcava 17h30. Ainda me encontro no escritório a acabar as últimas coisas para encerrar mais uma longa semana de trabalho. Um procedimento que se repete várias vezes ao longo da nossa vida como muitos de vocês bem sabem...
Arrumo as minhas coisas e sigo rumo para minha casa.
Contrariamente do que normalmente faço – desta vez ainda não tinha nada preperado no que diz respeito a viagem. Sinto uma pequena ansiedade motivado pela razão de conseguir chegar à tempo para Sevilha, pois é preciso levantar o dorsal no sábado até às 20h00, hora a partir da qual se encerra o posto de atendimento na “Feria del Corredor”. Acrescenta-se ainda o facto de que nem reserva de quarto tinha feito.
No instante preparo o meu saco para a viagem e aproveito ainda para tomar um banho relaxante antes da minha longa viagem. Mas antes de seguir estrada por definitivo passo pela churasqueria para comer um franginho a maneira, ficando assim de papo cheio...
Entretanto o relógio já marcava 22h00.
Como o orçamento para esta aventura era bastante limitado – dado a actual crise e a vida dum atleta requer alguns apertos em termos provas fora do país – decidi seguir caminho pelas nossas estradas nacionais até entrar em território espanhol em Badajoz ... quem não tiver de cortar nas despesas ... faça favor usar autoestrada com respectivas portagens ... pois é bem menos cansativo! A partir de Espanha teria depois seguir a N432 até Sevilha, cuja estrada nacional mais parece uma autoestrada e cujo piso e sinalização é bem superior a das nossas estradas.
Resumindo foram cerca de 880km e uma dormida numa residencial – ainda em território português – pelo meio da viagem. Cheguei sábado às 18h00 ao Estadio Olímpico de Sevilha com um total de 7 horas de sono, 10 horas de tempo útil de viagem e cerca de 2 à 3 horas usado para paragens ao longo de todo o percurso.
Na “Feria del Corredor” levanto o meu dorsal cujo número é o 3104 e pronto para mais outra aventura. Agora precisava de encontrar alojamento. Percorro diversas ruas de Sevilha, que outra hora já visitava, até encontrar um hostal decente e que não fosse extremamente caro.
Segue-se a minha agenda diária com um jantar e um duche, após o qual aterro nas profundezas da almofada. Meu estado era muito calmo e com razão... depois duma viagem destas, ninguém consegue ver mais nada a frente e por mais que queira contrariar prega sono fundo. Só espero que isto não venha afectar o rendimento para a prova que se iria realizar no dia seguinte. Certamente se o meu orçamento permitisse faria a viagem mas é de avião! ... mas por enquanto terá de ser assim.
Domingo, 13 de Fevereiro 2011, dia da prova e isto num mês perfeito. Digo isto porque é o mês em faço anos e é um dos mêses que mais gosto. Claro nada como o verão...!
Foi neste mesmo lugar que ainda há um ano obtive a minha melhor marca a maratona, de modo que as minhas expectativas estavam em alta. Queria certamente repetir a proeza, além de me sentir em boa forma.
09h30 estamos todos na partida. Ao total 10 Porto Runners estavam presente e embora não tivesse tido a possibilidade de lhes desejar boa sorte para a prova ainda antes dela começar, mentalmente estava tentar de o fazer. Claro como em qualquer prova de dimensão maior a confusão inicial está sempre instalada porque todos querem arrancar rápido. Como a confusão era muito grande decidi ficar um pouco mais recuado para evitar eventuais empurrões. Assim foi e tive de me contentar arrancar no ritmo de 05:45min/km, ou seja bastante mais lento. Simplesmente havia muito gente e ao longo do primeiro kilómetro foi passando pessoas e pessoas até começar a ficar nos grupos mais a frente. Ao kilómetro 2 encontro um grupo no qual me viria inserir pelos próximos 20km. Estavam a ir ao ritmo de 03:33min/km. Pensei que o ritmo fosse um pouco rápido demais, mas estava disposto a ir com eles. Isto por duas razões: Evitar o frio – sim embora os cronômetros estavam a marcar 10º ainda se fazia sentir umas brisas pelas ruas – e segunda razão é pelo facto de sofrir em grupo e como se fosse partilhar as dores – é mais simples seguir alguém do que correr sozinho ao longo do percurso. Chegado à Meia Maratona olho para o relógio e nem queria acreditar... tinha acabado de melhorar a minha marca a esta distância – 01h17min47seg – e isto em mais do que 2 minutos. A minha mente estava a trabalhar e estava determinado mais do que nunca em querer quebrar o meu recorde da maratona. Já só faltavam 21km. Teria muito sofrimento pela frente, mas senti-me fresco e leve como uma pluma. Segui em muito bom ritmo até ao kilómetro 32 quando a fadiga estava começar mostrar os primeiros sinais, no entanto não estava disposto a ceder de modo algum. Pensava... é este mês... é este momento... é este lugar... vou querer entrar em pleno para os meus 30 anos quer farei dentro de 5 dias. Todos os treinos feitos, todo o esforço feito até conseguir cheguar aqui serão transformado em sucesso e assim foi aguentando até a meta, embora obviamente os tempos por kilómetro começavam lentamente piorar. Avistando já o estadio e olhando uma último vez ao relógio, tinha a certeza de que iria melhor a minha marca. Os últimos 800 metros foram assim do maior prazer que uma pessoa se possa imaginar.
Cortei a meta com 02h46mins39segs com o sentimento de objectivo comprido. Os treinos estão a resultar, pois os resultados estão a aparecer. O que o futuro me reserva não sei. Sei no entanto que com muito treino, muita dedicação, partilha de conselhos e convívio com os outros, além de uma boa dose de determinação, nenhum objectivo é inalcancável.
Querer é poder!
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